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Nov 18

Terceira melhor do mundo, Sommelière de cervejas passa longe de botecos

Mãe de Nina, 3, e Luana, 1, Tatiana Spogis, 36, entende bem de papinhas e mamadeiras. Mas sua especialidade é mesmo a cerveja.

Sommelière da bebida e gerente de uma importadora que representa 51 marcas, ela passa seus dias explicando a clientes que a cerveja escura não precisa ser doce nem “de mulherzinha” ou que uma de estilo ácido é apenas exótica, não está estragada.

A sommelier de cerveja Tatiana Spogis na importadora Bier & Wein, onde é gerente de Marketing e Treinamento

A sommelier de cerveja Tatiana Spogis na importadora Bier & Wein, onde é gerente de Marketing e Treinamento

“Cheguei a comparar a cor da cerveja com o brilho do sol”, diz, rindo. “É o meu jeito. O mundo do vinho, por exemplo, já chegou num ponto tão blasé que até assusta o consumidor. Quero ser acessível.”

Foi o posto mais alto que um brasileiro alcançou no torneio bienal, criado em 2009. “A cultura da cerveja ainda é pequena aqui, e há poucas mulheres”, diz Cilene Saorin, mestre cervejeira há 20 anos, além de jurada no concurso e mentora de Tatiana.

A ganhadora da medalha de bronze teve 53 concorrentes, dos quais nove conterrâneos. Ronaldo Rossi, chef de cozinha e sommelier de cervejas, foi um deles.

E dá o braço a torcer: Tatiana ofereceu a “melhor combinação de conhecimento e carisma”.

Ela nega ser competitiva, mas se reuniu toda quinta-feira, durante sete meses, para beber com Ronaldo, como treinamento para a disputa.

“Depois de duas gravidezes quase seguidas [sem poder beber], estava com a minha quilometragem cervejeira zerada”, conta ela.

 

TEORIA E PRÁTICA

Na Alemanha, os testes incluíram de degustação a um questionário com 50 perguntas. Outra prova: o participante deveria achar defeitos em dez cervejas. Tatiana usou só o olfato na tarefa (errou quatro). Queria preservar o paladar para as etapas seguintes.

A premiação no concurso não lhe rendeu sequer R$ 1, mas resultou em um pedido de casamento do ator Renaldo Taunay, 36, pai de suas filhas e com quem vive há oito anos.

A boa colocação abre a possibilidade de a próxima edição do concurso, em 2015, ser no Brasil. A decisão será anunciada até o início de 2014.

Formada em design gráfico, a paulistana entrou no mundo das cervejas especiais há 12 anos. Se já era boa de copo, foi um pulo até virar sommelière na importadora, onde começou como gerente de marketing.

Hoje, a didática Tatiana desfia conhecimentos como este: “Quando se põe um pão na frigideira, o açúcar da massa queima e ele fica adocicado. Se você o esquece, ele vira carvão e fica amargo”.

O mesmo ocorre com a cerveja, diz: “A versão escura pode ser doce, mas, se o malte é torrado, é comum não ter doçura, mas notas que lembrem café, algo queimado”.

Apesar da profissão, que lhe consome dez horas por dia, hoje Tatiana passa longe dos botecos. “Bebo menos do que quando não trabalhava com cerveja.”

 

Fonte: Folha de S. Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/11/1371615-terceira-melhor-do-mundo-sommeliere-de-cervejas-paulistana-passa-longe-de-botecos.shtml

 

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