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Out 27

Chope ou cerveja? Qual a diferença?

No mundo todo, é empregada a mesma palavra para designar a cerveja, independentemente de sua forma de acondicionamento. Seja em barris, em garrafas ou em latinhas, muda-se apenas o complemento do nome: draft ou draught beer (sob pressão), bottled beer (engarrafada), canned beer (enlatada).

 

delirium_tapsBeer taps, as tradicionais chopeiras enfileiradas no balcão da Delirium Tremens em Bruxelas, Bélgica

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No Brasil usa-se a palavra chope para designar a cerveja armazenada em barris e servida através de torneiras depois de resfriada ao passar pelas serpentinas. Chope vem de schoppe, palavra originária de um dialeto alemão, que significa “copo de meio litro” – uma medida de volume usada nos bares da época.

Durante séculos o dilema dos cervejeiros foi – e ainda é – o fato de que, por ser uma bebida muito sensível, a cerveja está sujeita a contaminações e “azeda” muito fácil e rapidamente. Numa comparação grosseira, poder-se-ia dizer que ela é tão ou mais sensível que o leite.

A questão que sempre se impôs, então, foi como prolongar o tempo de vida da cerveja, fosse para aumentar a produção e o tempo de estocagem ou para torná-la um produto delivery, isto é, que pudesse ser consumido em casa, mais tarde.

Com o entendimento do processo de fermentação, o desenvolvimento de técnicas de pasteurização, a invenção de máquinas de refrigeração e, mais tarde, o emprego de técnicas de filtração e de conservantes químicos, a produção de cerveja atingiu números impressionantes, adquiriu escala industrial e a bebida tornou-se um produto estocável para o consumo posterior.

Tradicionalmente o chope (draft beer ou draught beer ou tap beer) é armazenado em barris. Antes do surgimento dos barris de aço inoxidável usavam-se barris de carvalho.

Antigamente, na Inglaterra, o processo de fermentação continuava dentro do barril, pela presença proposital de açucares não-fermentados e leveduras ainda ativas. Devida a essa segunda fermentação, a carbonatação ocorria naturalmente, acentuando o sabor do malte e do lúpulo presentes na receita.

Esse tipo de chope, conhecido como cask-conditioned beer, além de ser uma tradição local, relacionada ao clima e atmosfera do pubs, é considerado uma garantia da total pureza do produto, uma vez que não passa por nenhum processo de filtração ou pasteurização. É servido através de uma bomba manual. O movimento CAMRACampaign for Real Ale defende essa tradição, com adeptos no mundo inteiro, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos.

 

WOB-tapsBeer taps no WoB – World of Beers em Raleigh, Carolina do Norte, Estados Unidos

 

Se o chope for armazenado em barris depois de filtrado, não estará sujeito a segunda fermentação. Precisará então, de pressão extra para ser bem servido – são os chamados Keg Beer ou en préssion, conhecidos nas choperias tradicionais. Ao encerrar seu processo de fermentação e filtração, a bebida embarrilada com adição de dióxido de carbono ou de uma mistura de dióxido de carbono e nitrogênio. O efeito colateral desses gases, cuja as funções básicas são prover pressão, ajudar na formação de espuma e dar a sensação frisante do chope, também torna o produto um pouco artificial, em certo sentido. Algumas cervejarias o submetem a um rápido processo de pasteurização e / ou adicionam a ele conservantes, em especial antioxidantes, para aumentar-lhe o tempo de vida.

Em geral, a cerveja (engarrafada ou em lata) é o chope pasteurizado ou filtrado a ponto de tornar-se praticamente estéril – ou seja sem micro-organismos deteriorantes – , tornando-se uma bebida mais estável e durável. Mas o processo de pasteurização pode modificar, ainda que levemente o sabor original da bebida. Já o processo de filtração, embora tenha como resultado cervejas brilhantes e com apelo visual significativo, pode retirar parcialmente substâncias que aumentam a sensação de corpo. Em ambos os casos, portanto, perde-se um pouco em sabor e aroma.

Nos Estados Unidos e Japão, algumas garrafas e latas trazem o nome draft beer. A intenção dos fabricantes é dizer ao consumidor que aquela cerveja não foi pasteurizada e sim filtrada a ponto de tornar-se quase estéril.

 

Fonte: Livro – LAROUSSE da cerveja, Ronaldo Morado

 

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